BLOG DESCONTINUADO.
ESSE BLOG NÃO É ATUALIZADO DÊS DE ABRIL DE 2013. ACESSE WWW.LUCASGUERREIRO.COM PARA OBTER INFROMAÇÕES ATUALIZADAS.

4- Foque no Seu Propósito


                Depois de cumprimentar e conhecer um pouco os missionários que eu ensinaria, na primeira aula, perguntava à eles: "Qual o seu propósito como missionários de tempo integral?" Eles declaravam: "Convidar as pessoas a achegarem-se a Cristo, ajudando-as a receber o evangelho restaurado por meio da fé em Jesus Cristo e em Sua Expiação, do arrependimento, do batismo, de se receber o dom do Espírito Santo e de perseverar até o fim." Depois eu lhes perguntava: "Qual o ponto central do seu propósito?"
                As repostas eram variadas, pois alguns não entendiam minha pergunta; alguns julgavam que a declaração de propósito já era sucinta demais para que "um ponto central" fosse dela realçado; outros apontavam a "expiação" como ponto central - pois o sacrifício de Cristo é o fato mais transcendental do Plano de Salvação; e outro focavam na palavra "achegar-se". Para evitar debates, pois todos estavam certos em seu ponto de vista, eu pedia que abrissem na página 9 do Pregar Meu Evangelho (PME). Então eu designava alguém para ler em voz alta a primeira frase da página, após o subtítulo: "Batizar e confirmar as pessoas que você estiver ensinando é um ponto central de seu propósito." Eu lhes perguntava então o que aquilo significava.
                Poucos missionários, quando chegavam no CTM, entendiam que o ponto central ou principal do propósito deles era ajudar as pessoas a aceitarem o batismo por água e por fogo. A maioria dos missionários receberia uma confirmação da veracidade deste principio apenas quando chegassem no campo missionário. Meu objetivo era plantar neles o máximo de sementes da verdade, para que quando eles estivessem em suas próprias missões pudessem desenvolvê-las por si mesmos.
                Eu entendo hoje que algumas táticas de ensino que usavam eram drásticas. Elas não eram erradas, e não fugiam do currículo de ensino do CTM. Acho que não fui um mau instrutor. Devido ao pouco tempo que tinha para ensinar os missionários, usava exemplos e recursos que hoje, numa aula da escola dominical, não usaria. Um desses exemplos e recursos se demonstra na seguinte situação:
                Eu pedia que os missionários imaginassem que estivessem ensinando uma nova família, e que haviam sido inspirados a ensinar sobre a Restauração. No final da lição, eles costumavam fazer o convite batismal. Todavia, eles ouviram o espírito lhes dizer: "Não convite para o batismo... Não convide para o batismo!". Eu lhes perguntava: O que vocês fariam então? Haviam planejado convidar, e agora ouviram o espírito dizer que não devem fazê-lo.
                Os missionários pensavam. Alguns respondiam "marcar outra visita", ou "convidar para ir à Igreja". Eu lhes dizia que eram convites correto e que deviam mesmo ser feitos. Mas eu estava falando com relação ao batismo. Eles deveriam convidar a família ao batismo ou não? "Claro que não" respondiam os missionários quase sem exceção. Eu então, energicamente, batia no quadro ou na Bíblia e lhes dizia: "Não! Vocês DEVEM convidar para o batismo!" Vendo as expressões de susto eu não demorava para explicar: "Se o espírito lhe dizer que não deve convidar - convide - pois esse espírito não é o Espírito do Senhor! O Espírito Santo sempre vai nos instar a ir à Cristo e convidar outros à fazê-lo."
                Eu também explicava que o medo e as tentações  de Satanás podiam confundi-los. Dizia que, era verdade, sempre haveria um momento adequado para convidar - poderia ser no começo da lição, no meio ou no final (ou até depois). Disse-lhes que não deviam esperar um forte influxo do Espírito Santo para convidar as pessoas ao batismo e nem que deviam temer falar sobre o batismo durante seu ensino. Dizia que o batismo era o ponto central de seu propósito e por isso deviam convidar, sem destemor, as pessoas a seguirem Jesus Cristo. Eu lhes dizia que os eleitos ouviam a voz do Senhor e não endureciam o coração. Também esclarecia que poderia haver exceções a esse meu ensinamento, como no caso dos missionários ensinarem pessoas numa situação peculiar, por exemplo, uma família que acabou de perder um ente querido. Mesmo assim, eu acrescentava, o convite batismal poderia ser feito - não com a essência de cumprir uma tarefa ou a finalidade de aumentar o numero de membros da Igreja - mas com o intento de conceder as bênçãos mais elevadas de Deus aqueles que tão desesperadamente necessitavam delas.
                Vários missionários, eu percebia, não aceitavam muito bem esse meu ensinamento. Todavia, ao chegarem ao campo missionário, eles frequentemente me contavam por carta que eu estava certo. Que eles não deviam temer fazer o convite e que se o fizessem, da maneira correta e com a devido entendimento, a probabilidade de cumprirem o ponto central do seu propósito aumentava muito.
                Tenho duas coisas a falar sobre isso: primeiro, a natureza do batismo e os requisitos para sua admissão; segundo, como um missionário pode medir seu sucesso com relação a seu propósito missionário.
               
Natureza do batismo
                O batismo é uma ordenança do evangelho. É a ordenança inicial. Como Néfi falou, é a porta. O batismo é tão importante que o próprio Senhor Jesus Cristo foi batizado para nós  dar o exemplo. O PME explica:
                "A fé em Jesus Cristo e o arrependimento preparam-nos para as ordenanças do batismo e confirmação. Uma ordenança é uma cerimônia ou rito sagrado que mostra que fizemos um convênio com Deus.
                Deus sempre exigiu que Seus filhos fizessem convênios. Um convênio é um acordo solene e forte entre Deus e o homem. Deus promete abençoar-nos, e nós prometemos obedecer a Ele. Deus estabelece os termos dos convênios do evangelho, que podemos aceitar ou rejeitar. O cumprimento dos convênios nos traz bênçãos nesta vida e exaltação na vida futura.
                Os convênios nos colocam sob a firme obrigação de honrar nossos compromissos para com Deus. Para cumprir nossos convênios, precisamos abandonar atividades ou interesses que nos impeçam de honrar esses convênios. Por exemplo: Deixamos de fazer compras e participar de atividades recreativas nos domingos para podermos santificar o Dia do Senhor. Devemos ter o desejo de receber dignamente os convênios que Deus nos oferece e depois esforçar-nos para cumpri-los. Nossos convênios nos lembram de arrepender-nos todos os dias de nossa vida. Por meio do cumprimento dos mandamentos e do serviço ao próximo recebemos e conservamos a remissão de nossos pecados.
                 Os convênios geralmente são realizados por meio de ordenanças sagradas, como o batismo. Essas ordenanças são ministradas pela autoridade do sacerdócio. Por meio da ordenança do batismo, por exemplo, fazemos o convênio de tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo, sempre lembrar-nos Dele e guardar Seus mandamentos. Se cumprirmos nossa parte no convênio, Deus nos promete que teremos a companhia constante do Espírito Santo, receberemos a remissão dos pecados e nasceremos novamente.
                Por meio de ordenanças sagradas, como o batismo e a confirmação, aprendemos a respeito do poder de Deus e sentimos esse poder em nossa vida. (Ver D&C 84:20.) Jesus ensinou que precisamos ser batizados por imersão para a remissão, ou perdão de nossos pecados. O batismo é uma ordenança de salvação essencial. Ninguém pode entrar no reino de Deus sem ser batizado. Cristo deu o exemplo para nós ao ser batizado. O batismo por imersão é um símbolo da morte, sepultamento e ressurreição do Salvador.
                De modo semelhante, ele representa o fim de nossa antiga vida e o  compromisso de vivermos uma nova vida como discípulos de Cristo. O Salvador ensinou que o batismo é um renascimento. Quando somos batizados, damos início ao processo de nascer de novo e tornar-nos filhos espirituais de Cristo. (Ver Mosias 5:7–8; Romanos 8:14–17.)
                Precisamos ser batizados para tornar-nos membros da Igreja  restaurada, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e por fim entrar no reino de céu. Essa ordenança é uma lei de Deus e precisa ser realizada por Sua autoridade. O bispo ou o presidente de missão precisa dar permissão a um portador do sacerdócio para que ele realize o batismo ou confirmação.
                As criancinhas não precisam ser batizadas e são redimidas pela misericórdia de Jesus Cristo. (Ver Morôni 8:4–24.) Elas não são batizadas até atingirem a idade da responsabilidade, aos oito anos de idade. (Ver D&C 68:27.)
                Antes do batismo mostramos nossa disposição de fazer o convênio de guardar todos os mandamentos por toda a vida. Depois do batismo mostramos nossa fé cumprindo nossos convênios. Também renovamos regularmente os convênios que fazemos quando somos batizados tomando o sacramento. Tomar o sacramento todas as semanas é um mandamento. Ele ajuda-nos a permanecermos dignos de ter o Espírito sempre conosco. É um lembrete semanal de nossos convênios. Jesus Cristo apresentou essa ordenança a Seus Apóstolos pouco antes de Sua Expiação. Ele a restaurou por intermédio do Profeta Joseph Smith.
                O Salvador ordenou que os portadores do sacerdócio ministrassem o sacramento em lembrança de Seu corpo e Seu sangue, que foi derramado por nós. Ao tomarmos o sacramento dignamente, prometemos sempre nos lembrar de Seu sacrifício, renovamos nossas promessas e recebemos novamente a promessa de que o Espírito estará sempre conosco.
                Jesus ensinou que precisamos ser batizados pela água e também pelo Espírito. O batismo pela água precisa ser seguido do batismo pelo Espírito ou estará incompleto. Somente depois que recebermos o batismo e o dom do Espírito Santo poderemos receber a remissão de nossos pecados e tornar-nos completamente renascidos espiritualmente. Começamos então uma nova vida espiritual como discípulos de Cristo.
                Depois que a pessoa é batizada pela água, um ou mais portadores autorizados do sacerdócio impõem as mãos sobre a cabeça da pessoa e a confirmam membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Eles então lhe conferem o dom do Espírito Santo." (Lição 3, pg. 63-65)

Requisitos para admissão do batismo
                Eu costumava fazer a seguinte pergunta para os missionários: "Precisamos conhecer tudo sobre os convênios entre Deus e o homem para os aceitarmos?" A palavra "tudo" e a minha maneira de ensinar faziam com que os missionários pensassem bem antes de responder.
                "Não! Não precisamos saber, precisamos acreditar!" Eu lhes respondia. E depois explicava que raramente alguém que é ensinado pelos missionários compreende a extensão dos convênios firmados no batismo. Na realidade, uma pequena parcela de entendimento é dada ao converso para que ele saiba que o convênio provém de Deus, mas a maior parte se explica com fé.
                Eu prosseguia dizendo que o Senhor não pedia que entendêssemos tudo sobre as ordenanças, doutrinas e convênios antes de os recebermos. Alguém que recebe a Iniciatória e Investidura no Santo Templo dificilmente entenderá a ordenança por completa, mesmo depois de várias vezes observando-a, pois é cheia de simbolismo. Assim percebemos, eu frisava ao élderes e sisteres, que o Senhor exerce grande misericórdia em permitir-nos tomar sobre nós algumas obrigações que não entendemos por completo. Afinal sem essas ordenanças não poderíamos voltar a Sua presença.
                Os candidatos ao Chamado e Eleição não precisam de conhecimento sobre essa ordenança para recebê-la. Entretanto, após aceitarem-no devem procurar entender as obrigações e responsabilidades que advém desse sagrado convênio. O mesmo principio é valido para todos os outros convênios com Deus.
                O que se precisa é fé – que não é um conhecimento perfeito (Alma 32:21). Esse principio foi muito esclarecedor para mim, pois ajudou-me, como missionário, a entender que não precisava informar minuciosamente o pesquisador sobre todos os pontos do evangelho. De fato eu precisava tão somente ajudar o pesquisador a se sentir confiante que, embora não soubesse tudo (ou talvez quase nada) a respeito a Igreja, batismo e doutrina do evangelho, a sua escolha era boa. Se ele tivesse um grande desejo de se batizar,isso era o suficiente!
O requisito mais importante para o recebimento de uma ordenança é o desejo – não o conhecimento (Alma 32:16). É verdade que é melhor que aqueles que recebem uma ordenança tenham um testemunho e conhecimento sobre o que estão firmando com Deus. Todavia, repito, o Senhor não exige esse conhecimento antes. Ele o exige depois. Ninguém será salvo em ignorância aos convênios firmados (D&C 131:6). Deve ser por isso que o Senhor ordenou aos élderes que pregassem uns aos outros, segundo os convênios (D&C 107:89) – por que nenhum dos élderes entende plenamente o que consiste o juramento e convênio do sacerdócio quando o recebe.
Creio que haveria menos barreiras para que conversos fossem batizados, irmãos recebessem o sacerdócio e pessoas entrassem no Templo se todos nós entendêssemos que Deus confia muito em cada um de nós, a ponto de permitir que recebamos sagradas responsabilidades em ritos divinos mesmo conhecendo pouco sobre eles. E em sua grande condescendência para com os filhos dos homens é capaz de absolver um transgressor que não conhecia suficientemente e pecou, por ignorância, contra um convênio.
O pesquisador não precisa saber sobre a doutrina da “água, sangue e Espírito”, não precisa saber sobre o simbolismo da ressurreição no batismo e nem precisa entender alguns pontos que os missionários julgam vitais, e realmente não o são. Espero estar sendo claro: um missionário não deve deixar de batizar uma pessoa porque ela não sabe se Joseph Smith foi um profeta de Deus. Vocês devem estar pensando, assim como os missionários que ensinei pensavam: “mas como? Isso é um absurdo: essa pessoa vai se afastar do reino sem um testemunho. Não vou batizar para condenação!” Mas calma! A pessoa a ser batizada não precisa de um testemunho – não, ao menos, um testemunho como o dos missionários. Essa pessoa precisa acreditar[1].
Quais são as perguntas da entrevista batismal?[2] As perguntas são: Você acredita em Deus, o Pai Eterno? Você acredita em Jesus Cristo? Você acredita que Joseph Smith foi um profeta? Você acredita que temos um profeta vivo? etc. Perceba que a pergunta começa com “Você acredita...?” e não “você sabe...?” Isso indica que o pesquisador não precisa de um testemunho para ser batizado. Depois do batismo, que talvez seja a prova da fé necessária para receber um testemunho, o pesquisador crescerá em compreensão "linha sobre linha, preceito sobre preceito". Ele estará pronto para responder as perguntas para uma recomendação para o Templo, cuja Tônica das questões são “Você sabe...?” e não “Você acredita...?”. Nessa ocasião, com relação aos ritos e ensinamentos do Templo essa pessoa entenderá pouco, mas a respeito do convênio batismal terá avançado incomensuravelmente.
Quero deixar bem claro que o Senhor alistou os requisitos para o batismo, e ninguém que não os cumpra deve ser batizado. Há requisitos para todas as ordenanças do evangelho. Os missionários-líderes entrevistam os pesquisadores para verificar se os candidatos: (1) humilharam-se perante Deus; (2) desejam ser batizados; (3) apresentaram-se com um coração quebrantando e espírito contrito; (4) testificaram à Igreja (isso é feito na entrevista batismal perante um representante oficial da Igreja) que se arrependeram e estão dispostos a tomar sobre si o nome de Jesus Cristo, com o firme propósito de servi-lo até o fim, e realmente manifestarem por suas obras que receberam o espírito de Cristo para remissão de seus pecados.
Depois de expor isso eu perguntava: "Notaram algum requisito do tipo decorar as datas da Restauração, ter lido todo o Livro de Mórmon ou saber o nome dos Doze apóstolos atuais? Não? Então porque protelar o batismo de alguém que já tem o que se precisa: humildade, desejo e disposição?"
A face de alguns missionários me revelava que ainda não haviam me compreendido. Eles diziam, ainda que mentalmente:  “Mas irmão, é claro que não vou exigir tudo isso, mas se eu sentir que o pesquisador ainda não esta pronto, e que ele vai se afastar da Igreja?”
Meu conselho sobre isso era: batize-o! Se ele deseja ser batizado, batize-o. É claro que pecados sérios, como lei da castidade, crimes contra lei, aborto, homossexualismo, e outros devem ser resolvidos antes do batismo. E não devemos batizar alguém que não tenha o desejo sincero ou não cumpra os requisitos que a Primeira Presidência alistou em PME, página 222: como, por exemplo, a frequência a várias reuniões sacramentais. Também não é a mera curiosidade que qualifica alguém. Outros cuidados, como ter a permissão do conjugue e a assinatura dos pais, no caso de menores de idade, devem ser observados. Mas isso tudo esta bem explicado no capítulo 12 de PME.
Não existe batismo para condenação. O batismo da Igreja verdadeira é para salvação. Sempre! Não batizamos ninguém para ser expulso da presença de Deus! Se o Espírito confirmar a você, missionário, que deve batizar tal pessoa, e logo depois você pensar: “mas ela tem duvidas sobre isso ou aquilo...” Lembre-se: você também tem perguntas! Todos nós temos! Enquanto vivermos debaixo do véu haverá sempre coisas a serem entendidas, ou melhor compreendidas. É assim, era para ser assim. Isso faz parte da provação mortal. Ajude seu pesquisador a entender que não precisa saber muito para ser batizado. Você não deve deixá-lo num campo de conforto ou temor – deve ensiná-lo a buscar, pedir e bater com diligência – mas deve assegurar que o que é necessário é uma fé simples – que Deus o ajudará mesmo que não haja plena certeza em seu coração. Se houver apenas uma intuição de que é algo bom, algo louvável, algo a ser buscado, então o persuada a seguir isso.
Talvez se impressionem com esse ensinamento, mas é a pura verdade. Lorenzo Snow recebeu um testemunho apenas cinco semanas depois do seu batismo! Não foi antes, foi depois.
Quando, aos 23 anos, Heber J. Grant foi chamado para presidir a Estaca Tooele, disse aos santos que acreditava que o evangelho era verdadeiro. O Presidente Joseph F. Smith, que era conselheiro na Primeira Presidência, perguntou: “Heber, você disse que acreditava no evangelho do fundo do coração, mas não prestou seu testemunho de que sabe que ele é verdadeiro. Você não tem certeza absoluta de que o evangelho é verdadeiro?”
Heber respondeu: “Não, não tenho”. Joseph F. Smith virou-se para John Taylor, que era presidente da Igreja, e disse: “Em minha opinião, devemos desfazer agora à tarde o que fizemos pela manhã. Não creio que um homem deva presidir uma estaca sem um conhecimento perfeito e inabalável da divindade desta obra”.
O Presidente Taylor respondeu: “Joseph, Joseph, Joseph, [Heber] sabe tão bem quanto você. A diferença é que ele ainda não sabe que sabe”.[3]
Em poucas semanas, esse testemunho foi reconhecido, e o jovem Heber J. Grant verteu lágrimas de gratidão pelo perfeito, inabalável e absoluto testemunho que recebeu nesta vida.
Todos os pesquisadores sabem, mas não se lembram disso por causa do véu do esquecimento. O Espírito pode fazê-los lembrar de tudo, pois penetra até as profundezas de Deus.
Respeite o arbítrio do pesquisador caso ele não sinta que é à hora. Lembre-se que você não batiza uma pessoa para agradar seus líderes, aumentar o número de membros da Igreja, se vangloriar ou por qualquer outro motivo ,se não o do eterno bem-estar da alma dos filhos de Deus.  Deixe muito claro ao pesquisador que um entendimento melhor sobre os convênios, ordenanças e leis de Deus só virá após o batismo – porque é o Espírito Santo que nos ensinará todas as coisas, não a Luz de Cristo. Além disso o tipo de conhecimento que o pesquisador esta buscando é um conhecimento espiritual que deve ser vivido para ser aprendido.
A Luz de Cristo que o pesquisador já tem o ajudará a reconhecer o certo e o errado. O poder do Espírito Santo trabalhará com essa luz e o pesquisador sentirá que os missionários falam a verdade. Tal pessoa desejará seguir o que os representantes de Cristo falarem – por causa do poder do Espírito. Ela pensará algo do tipo: “Não entendi bem o que eles disseram, mas me sinto bem a respeito e desejo conhecer mais”; ou: “Nunca vi esses rapazes (ou moças), não obstante tenho a impressão que me são familiares, parece que já os ouvi e que somos amigos a longo tempo”; ou ainda: “Orei a respeito desse livro não sei se senti o que eles me disseram que sentiria, e nem entendi bem o que é apostasia, restauração e expiação... mas me sinto tão feliz ao ir a Igreja e ouvir esses jovens... parece que o vazio que seu sentia foi preenchido!” Esse é o Espírito ajudando!
O propósito final do missionário e batizar pela água e pelo fogo e ajudar as pessoas a perseverar em sues convênios. Não é ensinar, é batizar! É obvio que você batizará alguém que ensinou, pois a fé é pelo ouvir. Mas todo seu ensino, estudo, oração devem ser direcionados para o batismo. Depois deve haver um acompanhamento sincero para que os convênios batismais sejam vividos plenamente. O ensino é o meio adequado para que o pesquisador ache a porta, e entre por ela.
É muito melhor, e creio ser possível (devido a minhas próprias experiências como missionário), que um pesquisador entre nas águas do batismo com certeza de pelo menos cinco coisas: Deus vive, Jesus é o Cristo, Joseph é um profeta, o Livro de Mórmon é verdadeiro e temos um profeta vivo. Creio que ele pode saber isso antes do batismo, se desejar buscar. Mas se ele não obter esse conhecimento pode se batizar como uma prova de fé, uma prova de que quer um testemunho. Se ele o fizer satisfará o requisito de se agir para receber um testemunho, pois a ação, ou obra, será a prova da fé.
Elder Callister, dos Setenta, disse numa conferência geral: "Conversei certa vez com um excelente rapaz que não era da nossa religião, embora tivesse assistido à maior parte de nossas reuniões de adoração por mais de um ano. Perguntei por que ele não havia-se filiado à Igreja. Ele respondeu: “Porque não sei se ela é verdadeira. Acho que ela pode muito bem ser verdadeira, mas não posso levantar-me e testificar, como vocês fazem: ‘Sei, sem dúvida, que é verdadeira’”.
Perguntei: “Você já leu o Livro de Mórmon?” Ele respondeu que tinha lido algumas partes do livro.
Perguntei se tinha orado a respeito do livro. Ele respondeu: “Eu o mencionei em minhas orações”.
Disse a esse jovem amigo que, enquanto ele fosse superficial em sua leitura e orações, jamais descobriria, nem que se passasse uma eternidade. Mas, se ele reservasse uma ocasião para jejum e súplica, a verdade arderia em seu coração, e então saberia que sabia. Ele não falou mais nada, mas disse à esposa, na manhã seguinte, que faria um jejum. No sábado seguinte, foi batizado.
Se você quiser saber que sabe o que sabe, é preciso pagar o preço. E só você pode pagar esse preço. Há procuradores para realizar as ordenanças, mas não para adquirir um testemunho.”[4]
Alma descreveu a conversão com estas belas palavras: “Eis que jejuei e orei durante muitos dias, a fim de saber estas coisas por mim mesmo. E agora sei por mim mesmo que são verdadeiras, porque o Senhor Deus mas revelou (Alma 5:46)”.
Eu sei que a Igreja de Jesus Cristo é verdadeira. Tenho um testemunho ardente sobre essas cinco verdades: Deus vive, Jesus é o Cristo, Joseph é um profeta, o Livro de Mórmon é verdadeiro e temos um profeta vivo. Sei dessas coisas muito bem, e creio que sempre o soube, mas me dei conta delas na juventude. Seu pesquisador se dará conta do testemunho dele em alguma ocasião, que talvez será após o evento do batismo.
A conversão, lembre-se, não é um evento, é um processo, mas o marco do batismo é um evento que ajudará e até permitirá a plena conversão. Testifico que a conversão não se finaliza com o batismo. Na realidade o batismo é a porta inicial, como tão enfaticamente mostrei. Portanto batizemos todos que desejarem e preparemos o caminho para a Segunda Vinda do Messias!

Batismo e Sucesso
                Como o ponto central do propósito missionário é o batismo, alguns missionários julgam que tiveram sucesso caso batizem dezenas ou centenas de pessoas. Outros envergonham-se ao dizer que batizaram um ou dois pesquisadores em toda sua missão. O fato é que o número de batismos não prova se uma missionário teve sucesso ou não.
                O PME ensina: "Seu sucesso como missionário é medido principalmente por sua dedicação em encontrar, ensinar, batizar e confirmar pessoas e ajudá-las a tornarem-se fiéis membros da Igreja que desfrutam a presença do Espírito Santo" ("Um Missionário de Sucesso", pg. 10, itálicos adicionados).
                Assim, o desejo em cumprir o propósito é o fato mais importante para se medir o sucesso. Seu desejo deve ser o de batizar todo mundo. Como Morôni disse: " E eu quisera que todos os homens fossem salvos", ele sabia, porém, que nem todos o seriam (Helamã 12:25). Devemos orar como Néfi: "E oro ao Pai, em nome de Cristo, para que muitos de nós, senão todos, sejamos salvos no seu reino no grande e último dia" (2 Néfi 33:12).
                Falarei mais a respeito do sucesso missionário, como podemos saber que estamos sendo ou fomos missionários de sucesso no capítulo 7. Basta, por ora, o entendimento que o missionário que não se esforça em batizar não compreende seu propósito missionário.



[1] A História de Amon ao ensinar o rei e a rainha de Ismael nos ensina sobre a diferença de crer e saber: Amon “sabia” o que estava acontecendo com o rei, ao desmaiar porque Deus lhe revelara não só o que estava acontecendo, mas o aconteceria. Quando Amon entrou para ver o rei “soube que não estava morto” e que não deveriam sepultá-lo. (Alma 19:7-8) E foi capaz de prometer quando exatamente o rei se levantaria.
Ele perguntou a rainha se acreditava nele. Ela respondeu que não tivera prova alguma, exceto as palavras daquele nefita – o qual sua tradição abominava, e que ela nunca vira antes – e a palavra de alguns servos. “Não obstante” disse ela, “acredito que serás como dizes” (Alma 19:9). “E disse-lhe Amon: Abençoada sejas por causa de tua grande fé; digo-te, mulher, que nunca houve tão grande fé entre todo o povo nefita.” (Alma 19:10)
A grande fé da rainha tão somente nas palavras daquele missionário, se assemelha a fé manifestada pela viúva de Sarepta (I Reis 17:8-16), da mulher de Cananéia (Mateus 15:21-28) e a do Centurião (Mateus 8:5-10). Essa fé não era um conhecimento perfeito.
A rainha velou junto à cama do marido daquele momento até o dia seguinte.
A fé de Amon, da rainha e do rei Lamôni mostram e ensinam muito sobre esse principio fundamental e básico. Amon agiu com retidão, ensinou o rei Lamôni com poder (Alma 17-18). Esse, após ouvir a palavra exerceu tamanha fé que o “escuro véu da incredulidade” começou a ser removido e “a luz da glória e Deus” começou a iluminá-lo (Alma 19:6). Quando o rei Lamôni foi “arrebatado em Deus”, a fé da rainha foi posta a prova (Alma 19:4-5). Amon não apenas acreditava que o rei “estava sob o poder de Deus”, mas ele sabia disso (Alma 19:6-7) . E a rainha acreditou em Amon sem relutância (Alma 19:9-10).
As palavras e expressões agir, poder, exercer fé, por a prova, acreditar e saber servem para expor a doutrina da fé de modo claro.
Amon tinha uma grande fé (Éter 12:15). Ele não apenas acreditava, mas sabia a respeito da misericórdia de Deus. “A alguns é dado saber, pelo Espírito Santo, que Jesus Cristo é o Filho de Deus (...) A outros é dado crer nas palavras deles (...)” (D&C 46:13, itálicos adicionados). Se Amon não se qualificasse para saber que o que ensinava era verdadeiro, não teria poder para convencer outros a acreditarem em suas palavras.
O processo de adquirir fé começa ao lermos ou ouvirmos a palavra de Deus (Alma 32:26-28, Romanos 10:17). Foi assim com Amon e os lamanitas. Depois disso, tal como Amon: desejamos (Mosias 28:3), pedimos (Mosias 28:5, Alma 17:2-3) e agimos com retidão, mesmo não tendo perfeito conhecimento sobre o assunto, ou somente esperando ser certo e bom (Alma 17:2-38). Foi também dessa maneira que o rei Lamôni adquiriu fé: ouviu a palavra, desejou, pediu e agiu (Alma 18:14-43).
Ao fazermos essas coisas, ter contato com a verdade, desejar ter fé, pedir e agir conforme nós sentimos ser certo, o que corresponde a fazer nossa parte, as ternas misericórdias de Deus (1 Néfi 1:20), na forma de prova, confirmação, sinal ou testemunho, virão. Então adquiriremos um conhecimento perfeito a respeito do assunto (Alma 32:34).
“A fé, se não tiver as obras, é morta, em si mesma” (Tiago 2:17) e a ação fervorosa leva ao poder de Deus (1 Néfi 1:20; Alma 57:25-27; Morôni 10:3-5). Não recebemos “testemunho senão depois da prova de nossa fé” (Éter 12:6).  Fé é acreditar em algo que não vemos, mas reconhecemos que existe. Fé “é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreu 11:1). Amon possuía uma fé vigorosa, seu poder lhe adveio por essa fé. Sua fé possibilitou que outros exercessem fé verdadeira. A fé é portanto um princípio de salvação tanto para o individuo como para outros a seu redor.
[2] Ver Agenda Missionária, páginas introdutórias.
[3] Ver Heber J. Grant, Gospel Standards, G. Homer Durham (comp.), 1941, pp. 191–193
[4] Saber que sabemos, Élder Callister, Conferência Geral de outubro de 2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário